30/06/2020 17h47 - Atualizado em 30/06/2020 17h59

É sabido que tudo que ocorre na vida tem propósitos. São mecanismos inteligentes para nos ensinar a viver, nos curar de nossos defeitos e nos libertar de ingenuidades, crenças, ilusões e problemas imaginários, que nos aprisionam mentalmente, dificultando a utilização de nosso potencial pleno.

Nos anos 80 do século passado, a epidemia de HIV demonstrou fazer a população refletir sobre o ímpeto da revolução sexual desencadeada na década de 1960, através do movimento beatnik.

Quais são as finalidades do coronavírus em nossos tempos?

São várias as hipóteses possíveis para refletirmos. Uma delas é que a maior parte da sociedade, hoje, inverte as prioridades ditadas na Bíblia, que deixa claro que devemos colocar a família em primeiro plano, e na sequência vem o desenvolvimento espiritual e o trabalho.

A vida moderna impôs aumentarmos continuamente nossas necessidades e com isso a obrigação de trabalhar cada vez mais. O resultado está aí: uma sociedade com muitos problemas psicológicos. A família estabelece a solidária fraternidade.

Outro motivo: todos os países sujeitos a essa contaminação terão que melhorar seus padrões de higiene. A Europa latina deixa muito a desejar nessa questão. De maneira geral, estão agora aprendendo a lavar as mãos, principalmente antes de se alimentar. Estão também percebendo que a sua falta de higiene afeta também o outro do outro lado do mundo. Com isso, amplia-se a percepção de que o coletivo é mais importante que o individual.

Outra razão: necessidade das autoridades terem um planejamento preventivo, pois esse tipo de vírus é recorrente, desde a década de 1960.

Na área empresarial, Warren Buffett, investidor e filantropo americano disse: "É nas ressacas que descobre-se quem estava nadando sem roupa". Em outras palavras, a crise existe para discernir os preparados dos despreparados.

Outra reflexão tem a ver com a questão do ser humano não ter anticorpos para resistir algumas bactérias existentes na carne de determinados animais, que são consumidos na China e na África.

Também são momentos de olhar para outros países em situação precária. Veja o caso da República Democrática do Congo, em que para se chegar a um posto de saúde pode significar uma jornada de vários dias, muitas vezes a pé. No ano passado, naquele país, foram registrados aproximadamente 200 mil casos de Sarampo. Mais de 3000 mortes. E saber que todas as vidas perdidas, durante aquela epidemia, poderiam ter sido salvas com uma medida simples: vacinação.

Certa vez perguntei à um amigo, que trilhou uma das rotas dos Caminhos de Santiago de Compostela, o que havia aprendido durante a caminhada de 29 dias. Respondeu com plena convicção: "descobri que não precisa de muito para se viver".

Nessas linhas de raciocínios, conclui-se que, através de situações extremas, estamos sendo preparados para fortalecer a mente no equilíbrio, no bom-senso, na fé, na esperança e no amor ao próximo. Pode se dizer também que são momentos perfeitos para se investir na simplicidade, uma vez que a complexidade leva a decadência.