06/03/2017 18h22 - Atualizado em 06/03/2017 18h23

Pesquisas realizadas nos EUA mostram que o número de adultos que se dizem solitários aumentou de 20% em 1980 para mais de 40% atualmente. Um terço da população com mais de 65 anos vive sozinha. Para os que têm mais de 85 anos já são mais de 50%. É sabido que o isolamento social traz consequências sérias como insônia, sistema imunológico vulnerável, mais inflamação e muito estresse. Em outras palavras, a solidão é um fator de risco tão importante quanto à obesidade e o vício de fumar. Tem uma causa para isso, dentre outras, que se destaca naquele país de primeiro mundo: esse número preocupante também é consequência do materialismo exacerbado, que estimula amar mais coisas do que o ser humano. Nessa linha de raciocínio, o norte-americano tende a se tornar “ter humano”, tal é a valorização que se dá ao “ter”. Com isso a cultura do egoísmo é alimentada, que, por sua vez, provoca o isolamento.
O egoísmo ocorre quando você tira Deus do centro gravitacional da sua vida e se coloca no lugar dele. É você servindo apenas você e mais ninguém. Bem diferente de famílias latinas, as famílias daquele país, em geral, forçam os filhos adolescentes a saírem de casa e terem uma vida independente. Tem o lado positivo, que força o jovem aprender a se virar. Mas me lembro de um amigo americano que me confidenciou que ao completar 18 anos se recusou sair de casa, e seus pais, então, começaram cobrar aluguel dele. Considerando a lei da ação e reação da Vida, a consequência perante a esse tipo de conduta vem com o tempo: os pais velhinhos, geralmente, são praticamente abandonados e vivem sós. Estive em Atlanta, Estados Unidos, na década de 1980, e me chamou atenção muitas senhoras idosas morando sozinhas, adotando jovens estrangeiros para terem companhia. Em troca, esses imigrantes recebiam moradia e refeição. A escolha de Donald Trump para presidente também é um reflexo disso. Ele pretende construir muros ao invés de pontes. Ninguém vive bem só. Nós precisamos uns dos outros.  Talvez se o sentimento de solidão tivesse cheiro e cor, com certeza seríamos um pouco mais solidários. No meu caso, quando esqueço de mim, fico um pouco feliz. E, quando me dedico ao próximo, fico bem mais feliz. Fico refletindo: quando será que uma autoridade influente daquela nação perguntará “Como está o estado psicológico da população?”. Dá impressão que basta ser rico e pronto. Tanto dinheiro investido em segurança e, pelo visto, pouco em políticas públicas que visam à prevenção da saúde mental da população. Fica aqui um questionamento: Estará o sistema de viver nos Estados Unidos, conhecido como “american way”, cuja base são as crenças nos direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade, se esgotando? Evolução moral pressupõe praticar o amor e a caridade. É egoísmo não doar tempo para o próximo. Presentear, antes de qualquer coisa, é estar presente.