12/02/2019 15h05 - Atualizado em 14/02/2019 06h50

Certa vez, um amigo, com expressão de decepção, comentou-me que esperava mais de mim em certa circunstância. Eu, também decepcionado, respondi que se procedesse conforme o seu desejo eu não seria uma pessoa verdadeira. E, reforcei: “Eu não consigo ser o que não sou. Você criou expectativas em relação a minha pessoa, sem me consultar.” Sem sombra de dúvida, a decepção é a constatação da verdade. Nos dias atuais, de transição, quando o “ser humano” começa a prevalecer sobre o “ter humano”, constataremos gente influenciando e sendo influenciada por outros, com propósito de determinar novas condutas. Nesse caso, o ideal é ter como princípio jamais deixar de se afirmar, dizendo para si e para todos ao redor, quem você é. Ou melhor, quem você está, uma vez que estamos o tempo todo, de alguma forma, evoluindo. É necessário se impor perante todas as forças que tentam fazer com que você não seja você mesmo. Não se preocupe em querer parecer como os outros esperam de você. Querer agradar, para ser aceito em determinado grupo da sociedade, com o tempo vem à tona. Quando você vive a vida dos outros, você perde a sua identidade. Fora da sua identidade, com o tempo você também perde o respeito e a confiança, os pilares do relacionamento. Sua identidade é única. É o seu cartão de visita. Geralmente um indivíduo desvia de sua identidade em face de três receios: de ficar para trás, de não ter atenção e de faltar. A escola tem um papel importantíssimo na formação do ser humano. Mas, percebo que são poucas delas que levam a sério o legado de Johann Heinrich Pestalozzi (1746 – 1827), pedagogo suíço, que deixou claro que o papel do pedagogo é o de desenvolver a individualidade da criança em lugar de simplesmente lhe transmitir conhecimento. Nosso porto seguro sempre esteve na verdade, em nossos valores e em nossa missão de vida. Tenho o hábito de me vigiar constantemente, através de perguntas do tipo: Meu pensamento, meu sentimento e minha fala são verdadeiros? Você é aquilo que acredita ser. Pensamos, sentimos e agimos dentro dos limites das nossas crenças. Reserve um tempo, diariamente, para voltar para o seu departamento ‘Eu’ e refletir sobre si mesmo. Em outras palavras, devemos investir pesado no autoconhecimento. Qualidade que admiro muito no outro: independência de pensar, falar e agir. Em resumo, posicionar-se é a palavra de ordem. Não tem sentido ficar em cima do muro. Os muros estão desaparecendo.