09/06/2016 16h16 - Atualizado em 09/06/2016 17h35

Por volta de 1993, em um projeto de planejamento estratégico empresarial, de minha consultoria, um cliente me questionou sobre a real necessidade de escrever e alinhar a missão, os valores do bem, o negócio e a visão de futuro de sua empresa. Minha resposta foi bem taxativa: “Quando ocorrer uma crise, você compreenderá a importância de alinhar essas declarações”. Seu olhar expressou sua vontade de dizer “você está exagerando!”. Foi aí que afirmei: “Quem não tem uma grande causa (missão) alinhada com valores do bem, negócio e visão não está na direção correta”. Em seguida, ele perguntou: “Por quê?”. Respondi: “Devido à ausência desse alinhamento, a empresa não usa suas competências e inteligências plenamente. E, com isso, ocorrem desperdícios de recursos, que farão falta em momentos de crise. Também se tem de considerar que a crise, entre outros propósitos, separa o joio do trigo, no bom sentido. Com raríssimas exceções, somente sobrevivem às empresas devidamente alinhadas e bem intencionadas, que costumo chamá-las de motivadas por uma causa.” E fui mais longe: “A empresa também tem de buscar colaboradores cujas missões e valores pessoais estejam alinhados com a missão e valores da empresa. Fora disso é desgaste.” Esse empresário retrucou, dizendo: “Mas isso dá muito trabalho e eu não precisei disso tudo para chegar aqui.” Concordei em parte e complementei: “Desconfie de tudo que não exige esforço, pois geralmente o bem não está presente no fácil. E, será que a organização está preparada para os novos tempos, que deverão conter crises mais punitivas?” Antes que ele respondesse, emendei: “O lucro dessas empresas bem intencionadas ocorre também como resultado de muito esforço, mas em um processo harmonioso. Segundo pesquisa de minha consultoria, a empresa que considera essa sintonia, percebe uma força inexplicável que contribui para as metas acontecerem. Chamo isso de Vontade da Vida, uma sabedoria que foge das nossas compreensões.” Depois desse diálogo consegui sensibilizar esse empreendedor para escrever essas declarações, que passou, depois disso, por várias situações adversas e superou-as com brilhantismo. Recentemente, depois de mais de 23 anos, em reunião informal com esse mesmo cliente amigo, após questioná-lo como está a sua empresa, nos dias atuais, ele sorriu e disse “deixei essa crise para os outros”. Uma das missões que mais aprecio é a da bem sucedida Disney: “Fazer as pessoas felizes”. Toda instituição que pretende ter vida longa não deveria brincar nessa área. Fica aqui uma pergunta: será que esses partidos políticos brasileiros, que aparentemente estão se desintegrando, têm suas respectivas missões, valores do bem e visões de futuro devidamente alinhadas?