09/06/2016 17h25 - Atualizado em 09/06/2016 17h41

Considerando que dormimos aproximadamente um terço da vida e que boa parte dela passamos remoendo o passado (onde só tem recordações, já teve vida) e imaginando em demasia o futuro (onde só tem imaginação, um dia terá vida), entende-se que encurtamos a nossa existência que já é curta.
Agora se inserirmos nessa contabilidade de tempo o período que nos deparamos em acomodações perceptíveis e imperceptíveis, podemos afirmar com segurança que, apesar de todos os progressos tecnológicos, precisamos desenvolver novas observações e alternativas para lidar com a principal substância da vida, que é o tempo.
Vejamos por exemplo a questão da acomodação. Quando ela surge, com impressões de tranqüilidade e segurança, em questão de tempo a própria Vida propicia mecanismos inteligentes de alerta, geralmente traduzidos em incômodos. Visando entendimento, experimenta ficar em descanso, sentado horas em uma cadeira. Surgem dores em determinadas partes do corpo, nos convidando a se movimentar. É o incomodo se desenvolvendo no desenrolar do tempo, até que, sem outra saída, a pessoa resolve superá-lo. Devido a isso, o incomodo se torna uma fonte de motivação e conseqüentes movimentos visando o conforto. Tão logo esse desconforto desaparece, vem novamente outra acomodação e o ciclo se repete, de forma viciosa, durante o percurso da vida.  É lógico que aqui não estou contemplando as pessoas que desistem e com isso paralisam seus próprios progressos, pois através dessas vitórias, as inteligências se desenvolvem nos campos intelectuais, morais e espirituais. Em outras palavras, todo incômodo significa, de alguma forma, que algo precisa ser melhorado.
Uma das acomodações que mais percebo em mim e nos outros é não querer melhorar a própria maneira de ver e compreender as coisas.
Sem sombra de dúvida, o ideal é detectar e agir logo no início contra esse desperdício de vida. Para isso você tem de estar desperto, pois nos tempos atuais existem muitos convites de atividades que não agregam valor e que tendem a preencher o dia de maneira ilusória. São verdadeiros elementos dispersantes que nos tiram do foco, exigindo muito pensar, disciplina e renúncia.
Olha ao redor. Tudo é movimento. Não existe nada parado. Temos de levar em conta que a transformação, com seus movimentos, sempre se impõe há seu tempo.  Em face disso, a transformação é tanto mais leve quanto for a nossa disposição de aceitá-la, compreendê-la e agradecê-la em cada circunstância crucial da vida.
Portanto, sem titubear, podemos afirmar que a Vida é arquiinimiga da acomodação, que a cura está no movimento e que é importantíssimo sermos amigos do tempo.